EFÊMERA CUMPLICIDADE

Ana  Lúcia

Meu olhar encontrou ao teu.
Um encontro desejado...  
A tua voz no ouvido meu.
Segredos e confissões...
Que momento de ternura!

Teus lábios tocaram os meus...

Invasão de medo e desejo.
E  de muita tentação!
Entre abraços e embaraços...
Tua boca a passeava nos seios meu.

Quanta sedução!

Tuas carícias me invadiram...

Deliciosamente imoral!

Uma perdição!

E numa loucura total...

O teu corpo tocou o meu.

Disparou meu coração!

E senti o teu pulsar..

E  a sede voraz nos invadiu.

Seu suor misturado ao meu...

Senti as delícias do tesão!
Uma explosão!

SUFICIENTE

Ana Lúcia

         


Teus olhos pequenos... 

Ingênuos e com pura malicia.

São como as estrelas a brilhar!

Falante e galante!

Sua voz é como de um sabiá,

Gorjeando no amanhecer!

Seu sorriso... Sua alegria...

é como a brisa em alto mar!
Invade quem ao seu lado está.

Teu jeito de ser é meigo.

Suave e refrescante...

É como chuva mansa do anoitecer!

És um lobo e um cordeiro...

Não sei ao certo afirmar!

Sei que és mesmo
um homem...

Simplesmente assim...

Sem fim!



AVÓS CONTEMPORÂNEAS

                      Ana  Lúcia 

Sinto-me tão culpada...

Sim! sinto sim...

Culpa, por não ser igual a minha avó.
Lembro da sua imagem...

...os cabelos brancos...

Seus olhos atrás dos óculos de madrepérola...

...calmamente a bordar

Sempre em casa, pronta a nos receber.
Lembro-me bem... adorava o teu jeito ser...

Horas e horas deliciosos quitutes a preparar.
Ela cuidava de tudo!!!

Mas... que triste!

Esta realidade está tão distante de mim...
E eu até me arrisco a fazer um crochê,
cozinhar um prato especial.
Mas, isto só funciona como terapia ocupacional... 

Talvez... o que me falta é tempo!

o que atrapalha são os compromissos.

... o trabalho... o dermatologista...

a musculação... alongamento... banho de sol...

Que triste! Constatar!

Eu sou não avó como minha avó.

Eram exemplos as avós de outrora.
Como gostaria o teu modelo seguir.
Mas, será que existe um modelo?
Será que há uma receita de avós?
Ah... quer saber? Não sei!!!

Mas... talvez nada disso importa...
Podemos ser corajosas ou medrosas...
Servis ou atarefadas,

desvairadas ou centradas,
cozinheiras ou viver de dieta.
Acho temos algo em comum...
Algo que nos une... e que não muda...
Somos loucas por nossos netos.

Todas caducas!!! 

APENAS TE AMAVA

Ana Lúcia

Eu sinto tanta saudade!

Do tempo que te namorava.

Apenas no imaginar! 

Sem te encostar.

Eu sentia teu corpo no meu!

Tua boca beijava, sem teus lábios tocar.

E queria saber sobre o teu jeito de ser.

Quando acordava, eu muito chorava.

Ai... que saudades...

Do tempo que namorava...

PERDAS E GANHOS

Ana Lúcia

Cinquenta anos, são passados...

Nossa!!!  O tempo passou rápido...

Mais depressa do que eu esperava.

Ai... Como me incomoda envelhecer!!

Dizem que a velhice chega pra todos...

E que  tem compensações, alegrias...

Não sei se isto é verdade

Mas acredito que  a velhice traz perdas e ganhos.

Perdas das delícias das paixões...

Amores inconsequentes... Insanos...

... Do furor da juventude.

As perdas são sentidas nos ossos, nos olhos, na pele.

E os ganhos?

Ah... Os ganhos são as recordações... a saudade.

Recordações do que não vivi...

Saudades de algo que não tive...

Mas, tudo se foi junto com a juventude.

Só restam lembranças dos risos... do choro.

Recordações da bagunça das crianças.

Para onde foram as crianças?

Elas também se foram... 

Cresceram... Amadureceram...

E agora o que fazer? Fugir?

Para onde ir?

Não sei o que fazer...

Resta-me apenas viver.

Meu Deus!!! 

Como me incomoda envelhecer!!!