AVÓS CONTEMPORÂNEAS

                      Ana  Lúcia 

Sinto-me tão culpada...

Sim! sinto sim...

Culpa, por não ser igual a minha avó.
Lembro da sua imagem...

...os cabelos brancos...

Seus olhos atrás dos óculos de madrepérola...

...calmamente a bordar

Sempre em casa, pronta a nos receber.
Lembro-me bem... adorava o teu jeito ser...

Horas e horas deliciosos quitutes a preparar.
Ela cuidava de tudo!!!

Mas... que triste!

Esta realidade está tão distante de mim...
E eu até me arrisco a fazer um crochê,
cozinhar um prato especial.
Mas, isto só funciona como terapia ocupacional... 

Talvez... o que me falta é tempo!

o que atrapalha são os compromissos.

... o trabalho... o dermatologista...

a musculação... alongamento... banho de sol...

Que triste! Constatar!

Eu sou não avó como minha avó.

Eram exemplos as avós de outrora.
Como gostaria o teu modelo seguir.
Mas, será que existe um modelo?
Será que há uma receita de avós?
Ah... quer saber? Não sei!!!

Mas... talvez nada disso importa...
Podemos ser corajosas ou medrosas...
Servis ou atarefadas,

desvairadas ou centradas,
cozinheiras ou viver de dieta.
Acho temos algo em comum...
Algo que nos une... e que não muda...
Somos loucas por nossos netos.

Todas caducas!!!